O triângulo amoroso na relação do casal contemporâneo

Você já parou pra pensar que, mesmo sem querer, um “terceiro” pode ter se instalado na sua relação?

Não se trata de uma pessoa. Nem de uma traição.
Mas sim de algo muito mais sutil — e por isso mesmo, mais perigoso.
Um elemento silencioso, sempre presente, que foi ganhando espaço pouco a pouco, até ocupar lugares que antes pertenciam à intimidade do casal.

No começo, ele parecia até inofensivo.
Foi ele quem ajudou a manter o contato nos primeiros encontros, quem fez vocês se sentirem próximos mesmo à distância, quem organizou passeios, viagens, lembretes e conversas. Quase um aliado.

Mas com o tempo...
Ele começou a disputar atenção.
A aparecer na mesa do café da manhã, nos trajetos de carro, nas pausas do trabalho, na hora do jantar, no sofá e até na cama.
Foi se infiltrando devagar — até que vocês passaram a conversar menos, a se olhar menos, a se tocar menos.

O “terceiro” tem nome: celular.
Ele leva com ele o trabalho, as redes sociais, as notícias, os vídeos, os jogos, os grupos de conversa — e, com tudo isso, pode roubar o que há de mais precioso: a presença.

E o mais difícil é que, quando esse afastamento acontece, geralmente achamos que a culpa é do outro.
Do parceiro que está diferente. Da parceira que está distante.
Mas muitas vezes, ambos estão igualmente tomados.
Ambos estão ali, mas não estão mais com.

A consequência?
O vínculo se fragiliza.
Instalam-se a irritação, o silêncio, a frustração, o ressentimento.
A casa continua habitada — mas o casal, não.

É claro que o celular em si não é o vilão. Ele é só um sintoma de algo mais profundo: a dificuldade de sustentar a presença num mundo que estimula a dispersão.
É por isso que, em muitos casos, a terapia de casal pode ser um espaço fundamental.

Ali, é possível olhar com mais clareza para o que está acontecendo.
Reconhecer os padrões que se instalaram.
Resgatar o olhar, a escuta, o toque, o diálogo.
E redescobrir o prazer de estar junto — de verdade.

Porque sim, viver a dois exige esforço e intenção.
Mas também pode ser uma experiência de afeto, cuidado e construção mútua — quando há espaço para isso acontecer.

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